segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

perfume


bussolas, birutas, gps, oráculos,
raios intuitivos do coração mesmo,
se acheguem,
pois herdei o que meu pai abandonou,
o se perder e se encontrar,
a aventura das aventuras,
transcrita pelas crateras do inferno
em que piso
cheio de orgulho de ter essa coragem

complexo é viver o sim,
o estar, o nunca desistir

o roberto paranhos,
pseudônimo de meu sagrado pai
edward planchêz de carvalho,
cá está mais vivo do que nunca

octavio paz nos diz que no seio da poesia,
se resolve todos conflitos
e o homem adquire a conciência
de ser mais que passagem

é vida que segue para o corpo 
e para além do corpo,
apenas no silêncio se pode ouvir 
o tic tac do cebolão,
esse é o espaço que precisamos
para ouvir a voz das coisas,
o hinário do padrinho sebastião,
as escrituras de nichiren daishonin...

não estou misturando ensinos,
mas sim,
sentindo o perfume do lótus 
em todas as escrituras

( edu planchêz )

Novíssima manhã


Nasci visceral, orgânico, artista, criança,
ser simples, quase nada,
carioca pela geografia,
pelas tantas da madrugada,
assistido pelo rabicho de uma estrela cadente
nas palavras de nossa mãe

Ora acendo, ora apago,
ora, ora
Me dê uma alavanca que moverei o mundo
abraçado a Arquimedes

Me dê um dardo que acertarei a pedra de ouro
de vossa majestade

Aqui nessa cabana castelo de tudo desfruto,
és meu convidado para o amável banquete,
para ouvires as múltiplas canções
dedilhadas pela generosidade

Antônio Eduardo Planchêz de Carvalho,
deseja o que desejas,
o que está bem próximo,
a aliança prospera da eternidade

Vide comigo o raiar que dança
nas constelações

Vide comigo na rotação do planeta
atado na delta asa de Ícaro,
a novíssima manhã

( edu planchêz )

cinco de dezembro


pleno de bondades aterrizo
nas estrelas de saliva,
nos beijos da substancia,
no eu e você mais forte que os celtas elefantes.
que a máquina de argila que nos serve de cama

beiços macerados pela flauta,
línguas entrelaçadas,
margaridas pessoas, assim somos

e a estrela do que escrevo,
e a estrela do que escreves,
e o gato cheio de rios
que sobe nas frutas,
nos elos da nossa intimidade

vem até a casa dos botões,
aos olhos da pequenina,
ao perfeito

sei não onde chego,
sei que estou partido nas folhas,
nos cálices,
nas compotas de iguarias

vinde a mim,
a sorte de ver o sonoro realejo,
as trêmulas soldas do ventre,
as cortinas esvoaçantes,
o favo de maravilhas

o poema regressa do gelo do sono,
percorre o trajeto de nossas mãos,
e vai aos subterrâneos,
aos respiradores da terra dos sapos
e das enguias

( edu planchêz )

para o poema de minha majestade


menos ártico que o ártico,
ardida orgia do escrever

mais deserto que o deserto,
taquigrafa mania de descer tua escada,
degrau por degrau...
até o grão do meu grão
afundar-se para sempre,
em você mais que dissolvida
para o poema de minha majestade

( edu planchêz )