quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

FILHAS (OS) DE PORRA NENHUMA

Apago todas as minhas palavras 
com palavras,
já que não paro de falar,
que a tagarelice se opõe 

ao meu silenciar,
e é entre as palavras, 

que encontro silêncio,
que abro um novo portal,
estou a empurrar a emperrada 

porta da existência
 

The Doors 1967 rasgando 
os nenhum motivos
para manter vivo 

em mim o último passado
de paixões complexas,
Jim Morrison grita, eu grito,
grita Diego El Khouri 

e Alvaro Nassaralla,
grita Tiça Matta, 

grita Catarina Crystal Blues,
grita Rosa Maria Kapila
e todos os outros filhos da argila


Nascidos no barro, na borra,
na mancha alucinada 

William Burroughs,
nascidos e morridos,
em decomposição composição 

cósmica humana

Viemos da fumaça 
da mais deliciosa maconha,
agarrados no rabicho, 

no filete da lâmpada,
ou mesmo das catapultas das paredes
do cérebro metáfora Renato Russo...
 

E o Doors segue solto
pelas flanelas orientais
que nos acaricia
o sexo e os ouvidos


Mas voltando a tagarelice,
e o silêncio estrondo 

ejaculado por ela,
voltando ao pináculo 

da alta floresta do darma
de nada fazer sentados 

nus no muro das herdades

Pelos meandros dos esmiuçados olhos
que nos unem ao porrete, a porra,
ao dramático e arrombante rock 

sem pai nem mãe

E foda-se essa civilização eunuca
gestada pela gosma televisiva;
que todos se dopem 

com essas palavras arrombadas 
filhas de porra nenhuma

( edu planchez )

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