quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

filhos de refugiados

as aranhas 
sempre nos trouxeram boa sorte,
ouviamos isso dos antigos,
lembro de uma enorme teia 

que sombreava o tanque
onde mamãe tratava... 

de nossas roupas,
nessa teia linda, 

morava algumas aranhas 
amarelas e pretas

nunca mexemos com as aranhas 
que viviam no alto das coisas,
mas as marrons que escorriam pelo chão
eram esmagadas por nossos chinelos
ou devoradas pelas galinhas


a poesia das aranhas 
nunca nos deu arrepios,
hoje vejo minha mulher 

temer um besouro
que o vento jogou 

sobre a nossa cama;
viver com insetos 

e outros viventes
sempre foi algo natural 

para nós filhos de refugiados

( edu planchêz )

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